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A Ópera do Malandro - Cenógrafa (2019)

A PEÇA
A Ópera do Malandro é uma peça de Chico Buarque escrita em 1978, é uma adaptação dos clássicos “Ópera dos Mendigos”, de John Gay, e “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht e Kurt Weill. 
Passa-se em 1940, retratando o casamento entre Teresinha, a filha de Duran dono de um bordel que não aprova a união, e Max, um malandro contrabandista. Na peça, na tentativa de Duran para que Max morra, são revelados esquemas de milícia, corrupção e exploração do mundo boêmio da lapa. 
Contudo a narrativa extrapola esse enredo, onde no início e fim da peça há cenas dos próprios personagens se preparando para atuar o roteiro escrito por João Alegre (personagem). Há uma metalinguagem sobre o teatro, dois universos coexistindo na mesma peça: personagens atores e atores personagens. 

A ADAPTAÇÃO
A diretora Maíra Lana quis explorar essa metalinguagem sobre o teatro, deixando explícito o fazer teatral. Transformando contrarregras em atores, por exemplo, e influenciando diretamente no cenário. A peça foi construída em tons de preto, branco e bege.

O CENÁRIO
A ópera se passa na Lapa, Rio de Janeiro, nos anos de 1940. A casa e o bordel de Duran, esconderijo/casa do Max, a cadeia e a rua são os ambientes em que decorre a ação - no texto adaptado pela diretora para essa apresentação-.
Contudo, esses elementos não eram relevantes cenograficamente dentro do conceito proposto. Pois, Maíra queria um objeto que existisse nos 3 universos da peça:
      A Lapa: narrativa fictícia;
      A montagem de uma peça: narrativa também fictícia, mas que produz a primeira narrativa;
      A realidade: a construção real de uma peça do Chico Buarque por cantores do Coral do CT.  
O elemento cênico encontrado para atender essa proposta foram as escadas de madeira: de extrema utilidade nos teatros e com diversidade de construção visual.
Apesar de diversos posicionamentos propostos para as escadas, por uma sobrecarga do elenco com questões cênicas (já que são cantores e não atores), apenas 3 foram utilizados. 
Ao final, Max finalmente é morto, e o vermelho, característica marcante do malandro, aparece na peça simbolizando seu sangue.  O malandro contrabandeava bebida que vinha do porto, por isso uma rede foi utilizada para retratar a ligação dele com o mar e servir de tela para uma projeção. No topo da maior escada, em torno de 3 metros de altura, reside o corpo do ator e dele sai uma rede de pesca pintada em vermelho com rosas vermelhas e brancas na sua borda de encontro ao palco. 
A Ópera do Malandro - Cenógrafa (2019)
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