A PEÇA
A Ópera do Malandro é uma peça de Chico Buarque escrita em 1978, é uma adaptação dos clássicos “Ópera dos Mendigos”, de John Gay, e “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht e Kurt Weill.
Passa-se em 1940, retratando o casamento entre Teresinha, a filha de Duran dono de um bordel que não aprova a união, e Max, um malandro contrabandista. Na peça, na tentativa de Duran para que Max morra, são revelados esquemas de milícia, corrupção e exploração do mundo boêmio da lapa.
Contudo a narrativa extrapola esse enredo, onde no início e fim da peça há cenas dos próprios personagens se preparando para atuar o roteiro escrito por João Alegre (personagem). Há uma metalinguagem sobre o teatro, dois universos coexistindo na mesma peça: personagens atores e atores personagens.
A ADAPTAÇÃO
A diretora Maíra Lana quis explorar essa metalinguagem sobre o teatro, deixando explícito o fazer teatral. Transformando contrarregras em atores, por exemplo, e influenciando diretamente no cenário. A peça foi construída em tons de preto, branco e bege.
O CENÁRIO
A ópera se passa na Lapa, Rio de Janeiro, nos anos de 1940. A casa e o bordel de Duran, esconderijo/casa do Max, a cadeia e a rua são os ambientes em que decorre a ação - no texto adaptado pela diretora para essa apresentação-.
Contudo, esses elementos não eram relevantes cenograficamente dentro do conceito proposto. Pois, Maíra queria um objeto que existisse nos 3 universos da peça:
A Lapa: narrativa fictícia;
A montagem de uma peça: narrativa também fictícia, mas que produz a primeira narrativa;
A realidade: a construção real de uma peça do Chico Buarque por cantores do Coral do CT.
O elemento cênico encontrado para atender essa proposta foram as escadas de madeira: de extrema utilidade nos teatros e com diversidade de construção visual.
Apesar de diversos posicionamentos propostos para as escadas, por uma sobrecarga do elenco com questões cênicas (já que são cantores e não atores), apenas 3 foram utilizados.
Ao final, Max finalmente é morto, e o vermelho, característica marcante do malandro, aparece na peça simbolizando seu sangue. O malandro contrabandeava bebida que vinha do porto, por isso uma rede foi utilizada para retratar a ligação dele com o mar e servir de tela para uma projeção. No topo da maior escada, em torno de 3 metros de altura, reside o corpo do ator e dele sai uma rede de pesca pintada em vermelho com rosas vermelhas e brancas na sua borda de encontro ao palco.